Segundo Relato de Parto Humanizado

dpp: 27/04
Dn: 18/04 exatamente às 00:00

Equipe: Mayra FontainhasMichelle Soares Zelaquett e Rogerio Leandro Sousa
Doula: Raquel Corrêa

Vou dividir meu relato em três partes: i) relato resumido; ii) relato completo e iii) relato cômico.

Moro em Volta Redonda e, para parir, vou até a casa da minha mãe na capital do RJ aguardar o trabalho de parto. Dessa vez fui com 36s pq meu marido iria viajar a trabalho.

1- Relato Resumido

Esta foi minha terceira gestação. A primeira uma cesárea eletiva, desnecessária em véspera de feriado por bebê GIG. A segunda um parto normal humanizado com analgesia (tem meu relato aqui). E o Hugo veio num parto a jato.

Pródomos intensos desde, sei lá, umas 32s. Ultra já acusava se tratar de bebê pequeno (em relação aos anteriores). Todos achavam q ele viria antes de 39s. Só eu achava q ele viria após 40s como a irmã.
Durante o dia tive bastante prodomos. Ao cair a noite, comecei a ter contrações regulares. Optei por sair pra jantar. Comi com contrações. Comecei a medir as contrações as 21h.
As 22:00 a bolsa rompeu. Fui pro hospital. Dei entrada as 22:43 com 3-4cm.
Em 50 minutos evoluí para 8-9cm.
Meia noite em ponto nasceu o Hugo. Estava de lado. Ele coroou com as pernas fechadas enquanto eu estava de lado, ainda no susto.
Tive laceracao pq não esperei outra contração, pq tava de lado e pq a perna estava fechada rs.
Hugo nasceu com 3015kg e 47,5cm. Apgar 10/10 e capurro 39+3 pela ultra ele teria 38+4.

2) Relato Completo

Hugo foi muito desejado como seus irmãos. Engravidei quando a mais nova tinha um ano. Início de gestação preocupante pq o saco gestacional era pequeno para o embrião e todo lugar dizia que a gestação não iria a frente.

Esse susto passou e eu só assumi a gestação mesmo após 18s. Coisas da nossa cabeça.

Tive diabetes gestacional tal qual a gestação anterior e seguimos forte na dieta. Essa gestação estava diferente. Eu estava diferente. Poderia dizer q eu estava plena. Tranquila. Zero stress. N tive a mania de controle que é meu pior defeito e minha maior virtude. Dessa vez eu já tinha aprendido que a natureza age nas suas formas mais misteriosas e isso ajudou a relaxar.

Estava tão relaxada que terminei de ver as coisas do enxoval, da minha mala, etc somente após 37 semanas… Tão relaxada que marido viajou a trabalho pra fora do país e só retornaria quando eu estivesse com 37+4… Nasceu uma semana depois. Olha o risco rs

Prodomos faziam parte da minha vida. Uns com dores absurdas, outras com dores suportáveis. Estava tão tranquila que o encontro com a doula aconteceu no dia q entrei em tp (trabalho de parto).

Passamos uma tarde agradável de fofocas e conversas sobre o parto. A alertei pela vigésima vez que a probabilidade deu não deixar ela encostar em mim durante o tp era enorme, mas não era essa a minha vontade, mas poderia acontecer (ainda bem que alertei). Durante a conversa, várias contrações. Ela querendo medir o espaço, eu dizendo pra relaxar que não era hr pra isso.

Ela foi embora no cair da noite. E eu com as benditas dores. Marido quis comer fora. Eu já tinha topado, mas as dores começaram a apertar. Deitei de lado como sempre me deito quando tenho cólicas. Pedi a minha mãe que ficasse com a caçula preu ir jantar. Ela estava indisposta então resolvi levar a caçula conosco.

Brinquei com o marido que eu era a louca indo jantar em trabalho de parto. Juro que, pra mim, era só alarme falso de novo. Por desencargo de consciência, resolvi começar a medir quando a dor começou a apertar (já dentro da pizzaria e comendo pizza). Estavam de 4/4 min e com 40s de duração. O parto da caçula foi todo com contrações de 40s.

Avisei a médica, avisei a doula. Pedi a conta, pagamos. Já pra entrar no carro eu comecei a vocalizar. A mais nova no banco de trás repetia o som.

Comecei a instruir o marido do que ele tinha q fazer (pegar malas, avisar minha mãe, etc) e fui direto pro chuveiro.

Graças a Deus meu telefone é a prova de água. Continuei fazendo as medições. Pedi a bola ao marido. Ele começou a se preocupar. Minha mãe começou a dar as caras preocupada que fosse nascer em casa. Eu tranquila ainda. Meu celular já tocava a Playlist do parto.
E aí quando eu olhei os intervalos, tinha diminuído pra 2 minutos e pouco.

Resolvi sair do chuveiro.

Novamente deitei na cama. Gosto de deitar quando tenho cólicas. Deitei e senti o ploft e a água escorrer. Eram 22:00.
Avisei ao marido e disse que era hora de irmos (pelo histórico da irmã, era melhor irmos logo).
Queria ver a cor do líquido mas Não conseguia. Toda roupa a minha volta era azul. E o chão marrom… Depois q vi q era claro, saí.

Na saída de casa meu pai de 70 anos apareceu. Viu a contração, me deu a mão perguntou ao meu marido o que era aquilo se estava tudo bem. Marido disse que sim, que eram contrações. Que estava na hora. Que iríamos embora.

Ele me levou até o carro.

Deitei no banco traseiro e, por incrível que pareça, as contrações com o balanço do carro eram mais suportáveis do que com o carro parado.

Rezei pai nosso, ave Maria, as músicas tocavam no meu celular… Cantei junto. Vocalizei no ritmo da música, fiz mantra “tá tudo bem…” e assim me mantive calma.

Cheguei no hospital. Aquela contração na porta pra assustar manobrista. Saí assim que passou, pessoas falavam preu esperar a cadeira de rodas e eu fuzilava com os olhos.

Entrei no hospital, avistei a cadeira de rodas… Ela queria que eu sentasse “pra entrar na emergência ela precisa…” marido interrompe e diz “ela não precisa de nada. Sai. A médica está ali”. Levantei a cabeça e vi minha médica. Que alívio no coração.

Ela me leva pra admissão. Pede pra examinar, vem uma contração… Ela faz massagem na lombar, passa a contração, eu subo na maca. Ela toca e estamos com 3-4cm de dilatação. Disse a ela “quero internar”. Ela apenas consente com a cabeça.

Chega a doula, chega a fotografa. Médica preenche papelada, pede ao marido pra ir até a internação (depois ele me disse que foi até lá, jogou as identidades e disse “se vira, meu filho tá nascendo. Volto depois.”).
Médica sobe na frente pra me receber na sala de parto e eu fico na emergência.

Já ali comecei a surtar pq queria deitar. Deitar de lado. Deitei. Agarrei o marido com a cabeça enfiada nos seus peitos, mãos envolta dele e ele abraçado a mim. Aquele era meu porto seguro e eu repetia isso a ele “você é meu porto”.

Entra uma enfermeira querendo acender a luz pra me vestir. Muito grossa. Escuto minha doula sendo um anjo de delicada pedindo por favor pra não interromper que ela ajudaria a fazer o que tinha que ser feito. A enfermeira foi embora contrariada. Eu escutei tudo q aconteceu. Aguardei uma contração, tirei brincos, anéis. Voltei a posição. Aguardei outra contração, me vesti e de forma nada delicada disse que poderiam chamar a enfermeira pra trazer o maqueiro.

Fui de olhos fechados o tempo todo.

De frente pras salas de parto, a médica pergunta em qual a Isabel (minha do meio) havia nascido. Digo que a esquerda e vou pra mesma sala.

Opto por deitar direto. Novamente na mesma posição que estava na emergência. Meu marido estava trocando de roupa. Pedi a médica pra assumir o lugar dele e ela me abraçou exatamente da mesma forma que meu marido estava comigo. Minha segurança era meu marido, na ausência dele, era ela.

Marido, doula e fotógrafa chegaram. Ele assume o seu posto. Eu, de lado em posição fetal, abracada nele. Ele em mim. Minha cabeça em seu peito. Vocalizava a cada contração. Cantei as músicas…

Pedi uma escada pra ele sentar e um travesseiro pra mim.

A cada contração, fazia cafune na cabeça do meu marido (curioso). Várias declarações de amor à ele. E fiquei naquele nosso mundo particular.

Pedi silêncio, pedi que todas as luzes fossem apagadas. Vi chegar o pediatra. Ganhei um beijo ou um carinho na cabeça Não lembro bem.

Voltei ao meu mundo…

Médica pedia pra ouvir o Hugo, voltava pro meu mundo….

A doula não permiti que me encostasse, tadinha. Mas pedi compressas de água quente que me ajudaram a ficar conectada naquele mundinho meu.

Até q minha paz foi tirada por uma contração mais forte. Pedi que chamassem a médica. Solicitei toque. Estava com 8-9cm tendo passado apenas 50 min. Olhei pra ela e disse “ótimo. Quero analgesia”.

Por óbvio, Não queriam ceder. Tava indo tão bem. Pra quê? Médica pediu mais meia hr. Disse que Não. Ela pediu + 15 minutos. Consenti.

Veio outra contração desesperadora. Pedi que a chamassem novamente. Não teria mais 15 minutos nenhum. Ela chegou e pediu então que deixasse tocar novamente pq eu poderia estar com dilatação total. Não deixei. Doula e marido me lembraram do parto anterior em que Também Não deixei e me arrependi.

Ok. Deixei. Tinha ainda uma borda de colo e bebê na posição 0 zero (alto)..
Marido indaga se daria tempo pra analgesia, médica diz que sim (eu Não ouvi a resposta) a doula tenta me oferecer massagem e eu dou uma patada desnecessária nela.

Médica sai pra chamar a anestesista. Eu estava deitada sobre meu lado esquerdo, de pernas fechadas. Vem outra contração, o gemido vira grito estridente, o grito vira urro, a perna fechada, sinto pressão, grito “vai nascer”, sinto a cabeça sair (ainda de lado) abro as pernas , viro de barriga pra cima. Coloco a mão, sinto a cabeça grito “tira tira tira” Não espero a próxima contração, empurro de vez e ele sai.
A médica chegou quando a cabeça estava saindo, Não deu tempo de calçar luvas, ela só tinha uma mão calçada e essa foi a mão que aparou a cabeça e deixou o corpo escorregar na maca.

Ela chamou meu marido “vem pegar seu filho, Guilherme”. Meu marido pegou e ficou em êxtase olhando pro nosso filho. Eu ainda emocionada, pedi meu filho. Ele me entregou e ali ficamos. Uma mistura de sensações… O susto a felicidade, tudo junto.

Ali ficamos agarrados. Eu e ele. Não tinha tinha tirado a camisola durante o tp… Ele nasceu exatamente a meia noite 00:00.

Foi rápido, foi animal, foi intenso.

Apgar: 10/10; capurro: 39+3; pela ultra: 38+4. 3015g 47,5cm

Tive laceracao de perineo e uma laceracao lateral. Mais ou menos assim \.

Valeu a pena. Não doeu. As últimas três contrações apenas doeram. As demais foram controláveis e culpo esse controle ao meu controle emocional e entrega. Quando a dor vinha, relaxava o assoalho pélvico ao invés de contrair que era o reflexo natural.

Sou grata a todos e a tudo e ainda terei + um pra fechar a conta. 

3) Relato Cômico. Só leia se leu o 2.

Então… Tp começou… Resolvi comer pizza e ainda tirei onda com o marido “já pensou? O que falar pra todo mundo? O que vc fez quando entrou em tp??? Fui comer pizza!!”.

Já em casa pós pizza, no chuveiro, pedi Luftal ao marido. Ele entregou um vazio. Joguei longe xinguei ele e disse pra trazer a merda do Luftal certo.

A bolsa rompeu e ele me diz” o Hugo vai nascer aqui? Se não vai, então vamos embora”. Levanto, vomito a pizza… Poxa vida. A pizza!!!!

No carro, as contrações rolando… Ele freia por causa de um quebra mola e eu digo a ele ” mais uma dessa e você morre….”

Chegando na emergência, após a enfermeira quebra clima chegar, eu me vesti e fiz o que ela quis. Quando terminei disse “agora pode mandar aquela puta chamar o maqueiro”. Tadinha da fotógrafa e a cara q ela fez de assustada.

A doula já tinha sido avisada pra não encostar mais em mim. Tadinha.

Chegando na sala de parto, já agarrada no marido, sinto uma luz. Olho e vejo uma luz verde. E digo “q porra de luz é essa??? Apaga essa merda!”

Delicadamente a doula vem até mim e diz “Ingrid, sem luz Não tem foto ok?” minha cara pra ela foi de f*-se, mas o q saiu da boca foi ok.

Tô agarrada no marido e escuto doula e fotografa cochichando. Falo no ouvido do marido “avisa as duas que se continuarem falando, vou matar as duas.” senti o marido rir e levantar a cabeça pedindo silêncio com o dedo.

Pedi a doula que fizesse compressa de água quente. Ela fez e foi ótimo, mas trocou 2x a compressa durante contração. Disse ao marido (ele disse que a sala td ouviu)” diz a ela q ela tá proibida de fazer isso de novo” num tom nada amistoso.

Chegou a hr de pedir analgesia… Quando negada, proferi frases como:
“vcs são mt malvadas” e ainda “quem que eu vou ter q processar aqui??????” (essa rendeu gargalhada do marido. Só dele).

Falei pra médica “quando eu disser q quero mais um, vc vai colocar DIU em mim. Se eu reclamar vc vai dizer ‘lindona, só tô fazendo o que você me pediu'” (q foi o q ela me disse no parto anterior quando eu pedia analgesia e ela dizia q Não).

Pedia analgesia e dizia “quero ficar na banqueta, quero tirar foto! Gastei 150,00 nesse top!” só pensava no quanto tinha gasto de fotografa e q Não teria foto pq enfiei a cabeça no marido. Pq N deixei ter uma luz…. Isso lá é coisa pra se pensar??

Já com só a borda de colo, pedindo analgesia, a doula veio falar comigo algo de massagem e eu bem grossa disse “vc eh a última que quero papo!!! ” até pq sabia que só ela sabia meus pontos fracos pra me convencer a Não tomar.

Após nascer, olhei pra equipe e disse” a parte boa é q N vou ter q pagar anestesista”.

 

VÍDEO DO PARTO CLIQUE AQUI

 

É só dar peitinho…

 

“Dá um peitinho pra ele”…

A mãe só quer cinco minutos de paz para comer ou fazer um coco. Aí você entrega o bebê pra alguém. Ele vai chorar, óbvio. Aí o ser incompetente – só pode ser incompetente – (geralmente o pai ou uma avó(ô)) não consegue, ou melhor, não AGUENTA dois minutos de bebê chorando e solta a única frase que pode livrar ele de qualquer responsabilidade: “tá chorando pq quer mamar”.

A pior frase a se falar pra uma mãe quando o bebê chora no colo alheio é “ele quer um mamazinho”…

É a desculpa perfeita! Só a mãe tem o peito. Então só ela pode resolver. Logo, bora jogar a cria de volta no colo da mãe pq SÓ ela pode resolver.

Não seja essa pessoa. Se uma mãe te entregou um bebê pra q ela fizesse qualquer coisa que seja (isso inclui sentar no sofá e não fazer nada) e o bebê começar a chorar, FAÇA DE TUDO! Incorpora a Xuxa!, mas não devolve esse bebê pra mãe, pelo menos não imediatamente, muito menos com a fatídica frase “ele quer peitinho”.

Parece covardia com o bebê? Covardia eh com essa mãe que é mãe 24h e, por alguns minutos está te pedindo ajuda pra retornar a sua paz ; a última coisa que ela quer é o bebê de volta após dois minutos principalmente se for acompanhada da frase “ele quer peitinho. Dá um peitinho pra ele”, sem que a pessoa tenha, no mínimo, se esforçado pra fazer o bebê parar de chorar.

Isso só mostra que você está querendo se “livrar”…