5 coisas que você precisa saber sobre amamentação

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7 em cada 10 mulheres tem dificuldade em amamentar e, a maioria delas não apresenta uma condição física impeditiva, mas sim barreiras psicológicas, inseguranças que levam à introdução de mamadeiras e fórmulas e, consequentemente, ao desmame precoce. A falta de apoio familiar é um dos fatores que somados à insegurança da mãe fazem com que apenas 39% das mães brasileiras amamentem exclusivamente até o 6º mês de vida do bebê.

Diante disto, elaboramos 5 Coisas que você precisa saber para tornar a amamentação mais fácil

 

1) Peito não é só fonte de comida

Achar que o bebê só mama para se alimentar é um erro comum. Bebês mamam por todo motivo possível e imaginável, principalmente nos três primeiros meses de vida. A sucção não nutritiva é uma necessidade do bebê e, por causa disso, muitas mães acabam cedendo ao uso da chupeta, já que ao sugar, o bebê se acalma. Peito é carinho, é colo, é aconchego … é fonte de nutrição psicológica e alimentar também. Se você entender isso, não vai se desesperar com o bebê que fica grudado no peito o dia inteiro e não vai achar que seu peito não está sustando. “Fazer o peito de chupeta” não só é bom para o bebê como faz a produção de leite aumentar. Vale lembrar que bebês não conhecem chupeta, logo eles não fazem o peito de chupeta, a chupeta é que tenta imitar o peito.

2)  Não existe leite fraco

Pode acontecer do seu filho não engordar direito, mas isso não quer dizer que seu leite é fraco. A probabilidade maior é de que a pega do bebê esteja errada e ele esteja se esforçando muito mamando somente o mamilo, o que faz com que a parte posterior do leite não seja sugada. Ainda há chances do peito estar sendo ofertado de forma incorreta. Mamadas programadas ou limitadas (o famoso 20 minutos de cada lado) interrompem a sucção do leite fazendo com o que o bebê não sugue a parte mais gordurosa do leite que vem ao final da mamada. O mesmo acontece quando o bebê dorme, larga o peito precocemente e não é oferecida a mesma mama quando ele for mamar de novo.
E, se tudo estiver sendo feito corretamente com relação a forma de mamar, o baixo ganho de peso pode estar relacionado à alergia alimentar, provavelmente a alergia a proteína do leite de vaca e merece cuidados especiais.
Estudos mostram que a composição do leite de uma mulher que come só fast food e uma que se alimenta bem são pouca coisa diferentes entre si, não havendo diferença nutricional. Assim sendo, não há o que se falar em leite fraco.

3) Bebês não dormem a noite toda e não é por fome

Aliado ao que foi dito no item 2, é preciso entender que bebês de até 3 meses de idade não dormem uma noite inteira.  Se eles choram, se esperneiam e querem peito pode ser por qualquer motivo, inclusive fome e isso é normal! Leite não é uma refeição como um almoço. Não é para sustentar horas sem se alimentar. O bebê, principalmente os mais novos, irão acordar na madrugada para mamar e isso é completamente normal. A Exterogestação ocorre até o terceiro mês e a insegurança do bebê, os seus medos e anseios o farão querer mamar mais vezes. – “Mas eu dei uma mamadeira de fórmula pro meu bebê a noite e ele dormiu a noite inteira. Era fome!” Não, não era fome! O bebê dorme a noite inteira após tomar fórmula, pois a fórmula é igual uma feijoada. Ela pesa, é de difícil digestão, gordurosa e, automaticamente, vai “dopar” seu bebê. Acredite, é uma fase e vai passar. Com o tempo, o bebê demandará menos de você e tudo será mais fácil e prazeroso. Leia sobre isso no nosso post sobre puerpério.

4) Peito murcho não é sinal de peito vazio

A gente bem que queria ter um medidor de ml nos seios para saber quanto o bebê mamou, mas é preciso lembrar que peito é fábrica e não estoque. 80% do leite é produzido durante a mamada e não no resto do dia. Não pense que aquilo que está em “estoque” no peito cheio é o que o bebê mama, ele mama aquilo e mais! E, se não tiver leite “estocado”, ele será produzido e o bebê mamará normalmente. Nos primeiros meses de vida do bebê, a mãe produz muito mais leite do que o necessário e aí se acostuma com o peito sempre cheio e vazando… este cenário não será assim para sempre. Após esses meses, a produção se adequa à demanda e, por isso, vai parecer que o peito está vazio, mas ele não está! 

5) Chupeta atrapalha a amamentação – existe confusão de bicos

O uso de bicos artificiais (chupeta, bico de silicone e mamadeiras) podem causar a confusão de bicos no bebê. Basicamente, o bebê nasce com um instinto de mamada que consiste na projeção da língua e movimentos de sucção próprios para o seio materno. Ao usar chupetas e bicos (principalmente os ortodônticos) o movimento de sucção do bebê é distinto do movimento feito junto ao seio, fazendo com que o bebê se confunda da forma de mamar. Com o uso de bicos artificiais, o bebê desaprende como se mama no seio materno e pode começar a apresentar sintomas de irritação, choro constante e ânsia de vômito ao entrar em contato com o bico do seio da mãe, levando ao desmame precoce. Ou seja, ao usarmos esses artifícios, o bebê pode confundir a forma de mamar, dando preferência aos bicos artificiais. Leia mais sobre isso no artigo do Grupo Virtual de Amamentação, clicando aqui.

 

 

 

 

O segundo filho – sobrevivendo ao puerpério

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O Segundo Filho

Como ter um puerpério bem mais tranquilo

Muitas amigas me dizem que não terão mais filhos por causa da experiência com o primeiro. A boa notícia é que é diferente! Aquele desespero inicial que passamos no primeiro mês de vida do recém nascido é muito mais tranquilo no segundo.

Minha filha tem um mês. Eu não sofri nem um quinto do que sofri com o primeiro. Pra dizer que não falei de flores, eu entrei em um mini desespero na primeira semana, mas o meu desespero era outro. Tenho um menino e trocar fralda de menino é mole! Agora veio uma menina… que nervoso que me deu ver aquela perereca cheia de cocô!! Fora o corrimento que ninguém te conta que a recém nascida terá.. mas o meu desespero durou uma semana só e passou.

Como já sabemos que somos mães capazes de cuidar de um mini ser humano, ficamos mais calmas, afinal, sabemos que não vamos matar ninguém!

Vou falar da minha experiência e creio que seja de muita valia pra mães de primeira viagem que pensam em ter o segundo e pras mães que esperam o segundinho e já estão sofrendo por antecedência. Não é preciso se desesperar!
Uma dica valiosa é entender que é uma fase e vai passar. Lembro de que no meu primeiro filho eu me descabelava, pois achava que ele tinha que dormir e ficava na ansiedade querendo saber quando ia dormir. Eu me preocupava demais com o choro dele, pois ele tinha acabado de mamar e não poderia ser fome e se não era fome, o que poderia ser? E isso tudo consumia meu emocional de uma forma que somado a exaustão física, acabava comigo. Lembro de ler que não era indicado pegar muito no colo pra não acostumar o bebê mal e assim eu fazia… Ao invés de ser gostoso, era impossível! Humpf.

Acredite! É uma fase e vai passar. Aceitar isso é libertador. Aceitar que seu bebê está na exterogestação, ou seja que até os três primeiros meses é como se ele ainda estivesse na barriga, vai te fortalecer emocionalmente. Eu não espero nada da minha bebê. Não espero que ela durma. Se dormir, ótimo, mas se não dormir é normal. Não fico ansiosa pra conseguir tomar banhos demorados ou pra sair na rua. Tenho calma, aos poucos isso vai acontecer. E vai mesmo! Não precisa ser ansiosa e querer que isso aconteça agora.
Bebês mamam.. e mamam muito!! Não se iluda de que só pq ele acabou de mamar ele não vai mamar de novo. Ele vai mamar de novo! E de novo! Tem dias que ela mama e dorme logo em seguida e eu consigo ficar 30 minutos sem ela, mas tem dias (a grande maioria) em que ela mama, arrota, mama de novo, arrota, mama de novo… e não é por pega errada nem por pouca produção de leite… é simplesmente pq ela quer! Pq está com gases, pq está querendo aconchego, pq tá com fome de novo, pq tá assustada, tá com frio, tá com calor… é peito ! peito! peito! e são mamadas longas e demoradas. Também não é pra desesperar! Não vai ficar assim pra sempre! As mamadas serão mais rápidas mais pra frente. Eles irão mamar 10 minutinhos e se satisfazer, mas agora, por agora, é isso que eles fazem e é desta forma que eles aprenderão como fazer mais rápido.
E o choro? Bebês choram… as vezes basta colocar ela no berço que abre o berreiro. Com meu primeiro filho eu entrava em desespero, tacava chupeta, colocava música, fazia carinho pra tentar acalmar… essas técnicas não são para bebês de 0 a 3 meses! Bebês de 0 a 3 meses querem colo! Dê colo pra eles! Você vai ficar mais calma, eles vão ficar mais calmos e, novamente, seu psicológico estará mais erguido para aguentar a exaustão física. Com o tempo você vai ter PhD em fazer as coisas com o bebê no colo. Uma solução prática é usar o sling dentro de casa. Eles ficam calmos e dá pra fazer alguns afazeres domésticos.

Bom, é isso. Pra sobreviver ao puerpério nós não precisamos de bebês calmos. Nós precisamos nos acalmar! Precisamos entender que:

  • Bebês mamam muito;
  • Eles querem colo;
  • Essa demanda de atenção contínua é passageira e tudo vai melhorar!!

Pra mim, cuidar do segundinho está sendo muito mais tranquilo do que cuidar do primeiro e atribuo essa facilidade ao entendimento de que eu preciso de calma e tranquilidade e que ela precisa de mim 24h por dia e que vai passar.

Diabetes Gestacional

DIABETES GESTACIONAL x PARTO NORMAL

Não é indicação para cesariana

No início do pré natal o médico irá pedir exame de glicemia e, se acima de 90, ele poderá pedir o exame de curva glicêmica que é o exame responsável por fechar o diagnóstico de diabetes gestacional. Caso o primeiro exame não dê alteração, o médico pedirá o exame de curva glicêmica no segundo trimestre.

O exame de curva glicêmica consiste na medição da glicemia 60 e 120 minutos após a ingestão de alta concentração de glicose. Se os valores derem alterados, a gestante é diagnosticada com DG e deve iniciar o tratamento. Mesmo que essa alteração seja mínima, ainda assim o diagnóstico é de DG.

Meus exames deram alterados. Sempre 10 ou 20 acima do permitido na curva e, por isso precisei iniciar o tratamento. Primeira coisa a se fazer é procurar um endocrinologista e uma nutricionista. É preciso fazer dieta, pois há quem consiga fazer o controle glicêmico apenas com dieta, outras precisarão de insulina.

Eu fiz o controle só com dieta. É uma dieta chata, pois é preciso cortar o açúcar, diminuir consideravelmente a ingestão de carboidratos, aumentar a ingestão de fibras e produtos integrais. Além disso, é prudente fazer controle da glicemia com aparelho em casa. As minhas idas a endócrino não foram produtivas e, por causa disso, continuei meu controle em casa e me reportava a minha obstetra e ao meu irmão clínico.

Já adianto que é muito difícil e demanda muito autocontrole, pois a tentação é enorme! Qual grávida que não adora um doce???? Mas não pode.

No que a diabetes gestacional influencia no parto? Infelizmente, em muita coisa. Caso a diabetes não esteja controlada, a mãe pode gerar um bebê grande demais, além de poder desenvolver polidramnia  (aumento do líquido amniótico), também aumentar as chances de o bebê ter hipoglicemia após o parto e de o parto ser prematuro. Se isso acontecer (exceto o parto prematuro), a gestação deve ser interrompida no termo, ou seja, com 40 semanas a mãe precisará induzir seu parto. Há algumas médicas humanizadas que optam pela indução com 39 semanas.
E qual o problema de induzir? A indução do parto é, por natureza, uma intervenção médica e, a partir do momento em que há uma intervenção médica, fica aumentada a possibilidade de serem necessárias outras intervenções médicas, em verdadeiro efeito cascata.
Para uma mulher que não tem cesariana prévia, a indução mecânica acontecerá primeiro para maturação do colo uterino, geralmente com uso de comprimidos vaginais. Após a maturação do colo, se o trabalho de parto não iniciar, é utilizada ocitocina sintética. Já não é um processo natural e, portanto, tem seus riscos. Caso a mulher tenha polidramnia, aumenta-se o risco de prolapso de cordão (cordão sai antes do bebê ou ao seu lado) e, por consequência, aumenta-se o risco de se precisar de uma cesariana.
Se a mulher tiver cesariana prévia, aí que é pior, pois não se pode usar o comprimido e as outras formas de indução que sobram, podem não ser eficientes como o uso da sonda de Foley.
Então, não é inteligente fazer pouco caso da DG. É preciso levar a sério a dieta para que tudo fique controlado e a médica possa aguardar o nascimento do bebê de forma natural. A maioria das médicas humanizadas do RJ não esperam o trabalho de parto voluntário e induzem o parto com 40 semanas, porém, há estudos europeus que indicam ser seguro aguardar o trabalho de parto da gestante com DG que está com o nível glicêmico controlado, bem como peso e vitalidade fetal.

Para as mães que fazem controle da diabetes com insulina, a conduta médica poderá ser diferente, mas a princípio é mandatório a indução no termo, ou seja, com 40 semanas.

Novamente: diabetes gestacional nenhuma é indicativo de parto cesárea agendado. Se há algum risco de cesariana, este ocorre durante o trabalho de parto por conta das intervenções que possam ser necessárias ou em razão do tamanho do bebê ou prolapso de cordão em caso de líquido aumentado.

Relato de Parto Normal Humanizado

Relato de Parto Humanizado

Clique nos hiperlinks para mais detalhes

Pra quem não sabe o que é um parto humanizado, é aquele realizado por uma equipe que irá respeitar a mãe e bebê baseando suas atitudes em evidências científicas, conforme eu expliquei no post sobre parto humanizado.

Após passar por uma cesariana traumatizante e desnecessária, tive o prazer de ter um lindo parto humanizado. Ué!? Mas quem teve uma cesariana pode ter parto normal??? Sim!! e se chama VBAC (Vaginal Birth After Cesarean)

Vamos ao meu relato:

Engravidei com incríveis 106,5kg (o maior peso da minha vida) e, logo no início diagnosticamos diabetes gestacional e hipotireoidismo de Hashimoto. Iniciei a dieta para o controle da diabetes e o tratamento hormonal para o hipo.
Moro em Volta Redonda e optei por ter filho no Rio de Janeiro (capital) que é de onde eu sou e onde está a minha família, mas mais importante, por ser um lugar onde eu conseguiria uma assistência humanizada.
Na luta pela busca da equipe ideal, não me senti a vontade em pagar R$16mil que era o valor cobrado pelas indicações que tive e, milagrosamente encontrei uma obstetra que, segundo me falaram, estava no caminho da humanização, mas que pra mim era mais que perfeita pois respeitava evidências científicas e respeitava (e respeitou!) a vontade da mãe. Na minha opinião, é mais humanizada do que outras que me indicaram.
Inicialmente, tendo em vista a DG, o plano era de aguardar que a princesa viesse de forma natural até 39 semanas. Se isso não ocorresse, iríamos induzir.
Sabendo disso, já com 38 semanas comecei as induções naturais como acupuntura, caminhadas, namoro … e, em paralelo, a médica fez o descolamento de membranas para ver se conseguíamos melhorar o colo que estava com 1 cm dilatado, posterior e longo.
Na consulta de 39 semanas, foi constatado que o colo estava com 3 cm dilatados ( o que fez com que a nossa opção por foley fosse abaixo), posterior, médio e amolecido. Diante disto, a médica sentou e conversou comigo, me deixando positivamente surpresa, ao dizer que daquela forma, as chances da indução com Ocitocina darem certo seriam poucas, então que nosso amigo era o tempo e que ela, respaldada em evidências, iria aguardar 40+1 semanas para induzirmos.
Fiquei muito satisfeita e confiante, pois minha filha teria mais uma semana pra vir no tempo dela.
Nessa semana, eu fiz mais uma sessão de acupuntura (a quarta), dessa vez gratuitamente cedida pela fofa da fisioterapeuta, caminhei, namorei .. fui atrás e manipulei óleos essenciais que a fofa da Fernanda Teles da Vivo Naturalmente gentilmente me ensinou a fazer para indução do parto. Fiz tudo que pude, mas pelo visto a princesa não estava pronta ainda.
Com 39+6, marido e filhote resolveram pintar a minha barriga como forma de despedida. Foi um momento lindo!!
Na madrugada de 40 semanas para 40 semanas +1, fui acordada algumas vezes com contrações, mas não quis contar nem me preocupar, pois tinha passado as últimas duas semanas em pródomos (famoso alarme falso, onde a mulher sente contrações, porém sem ritmo) doloridos e não queria contar mais um alarme falso.
Chegamos as 40+1 semanas e, pela manhã na consulta, a médica constatou que o colo permanecia desfavorável, mas que iríamos tentar ainda assim a indução, pois cada corpo reage de um jeito e tudo poderia acontecer. Dei entrada no hospital as 11:30 da manhã para fazer um cardiotoco, já que iniciaríamos a indução por volta das 16/17h. Era o segundo cardio em 10 dias; O terceiro da gestação.
Teve algo diferente nesse cardiotoco. Todas as vezes anteriores, o marido me acompanhou, mas estávamos mais plásticos, acompanhando um exame e analisando padrões. Esse foi diferente… nesse, estávamos namorando. Estávamos em “alfa”, pois sabíamos que nossa princesa viria. Da forma que desse, mas ela viria. Lembro que a gente trocava olhares apaixonados.. beijos.. lembro de olhar pra ele tão apaixonada como no dia que o conheci (sim, foi amor a primeira vista) e lembrava de outros momentos e aquele clima todo refletia no monitor que acusava contrações regulares, mas ainda ineficientes.
Bom, levantamos e fomos aguardar o laudo. Quando cheguei no lugar que teria que sentar para aguardar, senti um quente escorrendo pela perna. Minha bolsa havia estourado. Dei um sorriso, encostei na parede, avisei ao marido que correu atrás da médica plantonista pra avisar. Ligamos pra nossa médica que ficou maravilhada! Comemorou muito! Disse que nos encontraria as 16 para conversarmos.
Internei e a médica chegou para conversarmos. Em conjunto, optamos por continuar com o plano de indução. Meus pais, meu marido e meu filho estavam conosco no quarto quando ligamos o soro. Também conversamos sobre bomba de infusão ou soro e, em conjunto, optamos pelo soro.
Bom, minutos, literalmente, minutos após o soro iniciar, começaram as contrações regulares e doloridas. Tive que pedir para que tirassem meu filho do quarto e pedi a médica para que fossemos a sala de parto humanizada.
Novamente poucos minutos se passaram até que eu chegasse na sala de parto. A médica já tinha desligado completamente o soro, pois o bicho estava pegando. Como disse a minha doula, correu só “um cheiro” de ocitocina e foi suficiente.
A indução começou as 17 e as 19 eu estava na banheira e implorei por analgesia. Esse foi o pior momento. As dores eram insuportáveis, minha doula ainda não tinha conseguido chegar… Na conversa pela manhã no consultório eu tinha sido enfática avisando que não era pra ceder ao meu pedido de analgesia, mas eu queria muito!! E agora??? Foram os piores minutos da minha vida, pois eu tive que lidar com a dor e, nos intervalos, esgotar toda a minha habilidade de advogada para convencer meu marido e minha médica de que aquele apelo não era de uma desesperada e que era sim um apelo lúcido. Graças a Deus consegui e eles cederam ao meu apelo. A médica havia me avisado que tinha uma anestesista de prontidão que era especial para partos normais e que conduziria com maestria caso fosse preciso (já que eu tinha um colo desfavorável e talvez fosse útil para o parto). Então, ela olhou pra mim e disse “Ingrid, ela demora 45 minutos pra chegar”. Tive mais uma contração e tive certeza de que não iria aguentar esperar e literalmente gritei “chama a anestesista do plantão!”.
E assim foi feito, assumi um risco enorme de estar pedindo uma analgesia duas horas após o início do TP, sem permitir que a médica me avaliasse para saber a dilatação e ainda assumi mais um risco em “usar” a médica do plantão do hospital mais cesarista da face da terra! Mais de 90% de parto cesáreo. Dei sorte. Muita sorte.

A anestesista estava na troca do plantão. Indo embora .. e ainda assim veio me atender. Conversou comigo, foi um doce (apesar da contração no meio do procedimento que me fez gritar muito para conseguir ficar imóvel). Após aplicar, veio conversar comigo e, parece que sabia de todo o meu plano de parto, pois ela me incentivou muito, disse que doía demais mesmo que agora iria melhorar que eu era guerreira e que agora daria pra ter tranquilidade para trazer minha filha ao mundo. E assim foi!
Agradeço muito pela analgesia. Foi a melhor escolha que fiz e me senti muito mais mulher e empoderada dentro daquela sala de parto por ter alterado minha escolha e optado por voltar a ter consciência, controle do meu corpo e trazer minha pequena ao mundo.
Permiti o toque após a analgesia e, pra minha surpresa, estava com 8 cm dilatados. Isso não mudou nem mudaria a minha opção, pois como eu disse antes, eu não toleraria nem mais 5 minutos de dor e eu precisava daquela analgesia independente da dilatação.
Agora sentindo dores suportáveis, pude conversar com a médica, colocar as músicas escolhidas pro parto, pude ver que minha doula havia chegado e enfim colaborar ativamente para a chegada da princesa. Rebolei na bola, agachei, me conectei com aquelas dores e pressões até que olhei pra médica e disse “to sentindo uma pressão maior e tô com vontade de fazer força”. Ela me olhou intrigada, pois não tinha passado muito tempo e perguntou se queria que ela me examinasse. Pedi que sim já que os puxos eram involuntários. Batata. Dilatação total e bebê alta. A médica então me disse pra respeitar meu corpo, fazer como eu queria, do jeito que eu quisesse. Não haveria direcionamento de força, era eu e meu corpo. Pra minha surpresa, optei por ficar deitada, pois assim me sentia melhor e, a cada puxo, sentia a princesa encaixando e escorregando… Chegou uma hora em que a médica pegou minha mão e colocou na vulva. Senti a cabeça. Ali eu chorei e chorei.. já estava na partolândia há algum tempo e depois daquilo mais ainda. Me entreguei por completo. Deixei a mão pra poder sentir ela sair, fiz muito carinho na cabeça dela, chamei… senti a médica mexendo (era pra tirar a circular. sim, teve circular de cordão e não, não é motivo pra cesárea), pensei que ela pudesse estar puxando e pedi que não puxasse. Na verdade ela estava achando q tinha mais uma volta de cordão, mas na verdade era a mão da minha princesa que estava nascendo junto com a cabeça. Continuei conectada, serena, com a minha mão fazendo carinho nela e aí senti escorregar ombros e sair.
Olhei pra baixo e lá estava ela envolta em sangue pronta pra vir pra mim. Meu marido ao meu lado, já tinha se emocionado quando viu a cabeça coroando e agora estava comigo. Eu dizia pra ela ser bem vinda, pedi pra que ela respirasse calmamente… a transição foi serena. Um miado de gato pra não dizer que não chorou por alguns segundos. Cordão foi cortado tardiamente após parar de pulsar. Marido cortou o cordão e eu aparei o do coto. Só emoção. E ali ficamos.. eu e ela. Imediatamente foi pro peito onde ficou por uma longa hora.

Tive uma mínima laceração de períneo segundo a médica. Grau II mas prioritariamente de mucosa, pouca coisa na pele. Tive também uma laceração paruretral causada pela mãozinha dela, mas que não foi suturada pela médica vez que o ponto causaria mais desconforto que a laceração.

Isabel veio ao mundo no dia 15/07/2016 às 20:43 com 3,720kg, 50 cm, 36cm de perímetro cefálico e apgar 10/10. E o melhor? Capurro 41+3!

[edição]

Depois de colocar a Playlist em aleatório, tenho que lembrar que Isabel nasceu ao som de Hello da Adele e, ao nascer a cabeça, começou o refrão “Hello from the other side…”

Equipe Médica:

Obstetra: Mayra Fontainhas
Pediatra: Rogério Leandro
Assistente: Michelle Zelaquett

Doula: Paula Inara

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